sexta-feira, 25 de março de 2011

Entrevista especialista politico - Jânio até golpe em 64

                                                                                                             Por Felipe Oliver

quinta-feira, 24 de março de 2011

ENTREVISTA

Blog- Você esteve presente durante todo o governo do Jango?
Cap Belmonte – Sim estive, dês de que ele tomou posse e antes de ele ter sido indicado, porque ele estava no exterior (china). E foi com a renúncia do presidente que ele teve que voltar para assumir o governo, tinha uma certa parcela das forças armadas que era contra a posse do Jango porque ele era considerado de esquerda, coisa que não era certa, ele era de um governo eleito pelo povo. Tinha o direito de tomar posse como presidente do Brasil só que isso é o que uma grande parte das forças armadas não aceitava.
Blog- O que achou do governo naquela época?
Cap Belmonte- Eu acho que pra época era o necessário, as medidas que foram tomadas eram o que tinham que ser impostas naquela época, acho que eram medidas bem pensadas, que era para o bem do país. Era o que se pensava e o que era certo, aquilo que estava sendo feito.
Blog- Qual a lembrança que você tem daquela época?
Cap Belmonte – Foi um momento em que Jango foi muito bem vindo ao país, foi alem do que se esperava  ele procurou captar o apoio das forças armadas inclusive teve o apoio de militares da marinha, foi muito aberto, digamos assim para o aumento de salário que pra aquela época era muito bom.
Blog- Como você era tratado por ser militar ?
Cap Belmonte – Era uma coisa normal, mas naquele tempo era um tratamento respeitoso com as forças armadas, eram vistos como uma força que inspirava confiança apesar de muitos ainda terem receio com as forças armadas e digamos um pouco de medo também. É uma parcela da sociedade fardada que para muitos era muito bem vista. Hoje já não é mais assim as pessoas não valorizam o militar como antes.
Blog- Você presenciou algum tipo de tortura ou violência?
Cap Belmonte – Não, não presenciei. Eu pertencia a uma área técnica do exército não era envolvido na repressão se é que houve, deve ter havido, eu não presenciei nem uma seção de tortura, interrogatórios violentos. Como eu era de uma área técnica eu não participei de nada disso.
Blog- O que mais apavorava o povo naquela época ?
Cap Belmonte – É aquela coisa a insegurança que a população tinha, não sabia o que viria pela frente não tinha um partido a ser tomado, não tinha digamos assim uma diretriz que indicasse um progresso. Era meio duvidosa a situação naquele tempo.
Blog- Qual é a diferença que você vê do Brasil hoje para o daquela época?
Cap Belmonte –  O Brasil hoje ta bem melhor, aquele tempo era o início de uma arrancada para o futuro que estava começando, e hoje estamos avançando com bem mais segurança, tecnologia, progresso e grandes empreendimentos. O Brasil de hoje ta muito melhor diria que o futuro é grandioso, nós caminhamos a passos largos para ser uma grande potência, até porque não existe mais aquela luta que tinha de facções pelo poder no governo. É uma democracia.

 Cap Belmonte aposentado 73 anos serviu de 1957 – 1992
1ª divisão de levantamento POA- RS
17 BI ( infantaria ) Cruz Alta - RS
18 BIMTZ POA - RS
QG da 6ª divisão de exército POA - RS
2ª sub chefia do ministério do exército DF
14ªComando da Infantaria Motorizada FLORIANOPÓLIS- SC
Hospital Da Guarnição de Natal





Por Pedro Henrique Becker, Daniele Ortiz e Rodolpho Roncaglio

terça-feira, 22 de março de 2011


O golpe militar de 1964 depôs Jango e instarou a ditadura





O regime militar no Brasil iniciou no dia 31 de março de 1964 e durou até a eleição de Tancredo Neves em 1965.






Por Amanda Lima

Posse até queda de Jango



   Quando Janio Quadros renunciou, João Goulart,o vice presidente, estava na China. A oposição-militares, UDN,imprensa e empresários- aproveitou essa viagem para tentar colcar outro no poder.A posse de Jango aconteceu no dia 7 de setembro de 1961 , depois de ter sido implantado,pelos militares, o parlamentarismo no Brasil.Com o apoio do Congresso Nacional e da classe operária foi realizado um plebescito em janeiro de 1963 que instituía a volta do presidencialismo , o que aumentou o poder do presidente. O momento era de crises políticas e econômicas entre a esquerda e a direita radicais . O constante conflito entre o governo e a oposição militar e civil, que considerava o presidente um comunista devido a sua aproximação populista com as classes trabalhistas, agravou a crise.


   O comício realizado no dia 13 de março de 1964 na estação da Central do Brasil favoreceu a queda de Jango. Neste, o presidente assinou a reforma agrária, decretando a desapropriação das terras ao longo das rodovias e ferrovias e em torno dos grandes açudes. Depois da euforia momentânea, as pessoas posicionaram-se contra a atitude de João Goulart através de uma passeata- composta pelos grupos de oposição, empresários, padres, senhoras católicas- com mais de 300 mil pessoas pelas ruas centrais da capital paulista, que ficou conhecida como Marcha da Família com Deus pela Liberdade.



   Em 31 de março de 1964, João Goulart foi deposto pelo golpe militar de 1964, e foi exilado no Uruguai. Faleceu no exílio, no município argentino de Mercedes, em 6 de dezembro de 1976.
     

             Por: Gabriela K. e Amanda Lima

Anúncio referente aos planos de Jango
Por:  Ana Carolina Kruger

Jango durante o período eleitoral

A chapa "Jan-Jan"

Popularmente conhecido como “Jango”, foi o último presidente a estar democraticamente no poder antes do Golpe de 1964. Nascido no Rio Grande do Sul e graduado em Direito pela Faculdade de Direito de Porto Alegre, entra na carreira política através da grande proximidade entre seu pai Vicente Rodrigues Goulart, coronel da guarda nacional, e Getúlio Vargas. Sua primeira filiação com um partido político foi com o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), do qual futuramente tornou-se presidente.

Ainda que no passado tenha tido relações com latifundiários, desde sua nomeação a Ministro do Trabalho durante a gestão Vargas até o fim de seu mandato, Jango assume uma postura esquerdista pela sua proximidade com a população e seu caráter populista. Com a economia em crise devido a inflação os Ministérios da Fazenda e do Planejamento de Jango lançam o “Plano Trienal”, o qual tinha como meta solucionar os problemas estruturais do país. Tendo como principais medidas a redução da inflação e o controle do déficit público e, ao mesmo tempo a manutenção da política desenvolvimentista com captação de recursos externos para a realização das chamadas reformas de base que eram medidas econômicas e sociais de caráter nacionalista que previam uma maior intervenção do Estado na economia. Tais reformas envolviam questões como a reforma agrária, o combate ao analfabetismo, a extensão do voto ao analfabetos e militares de baixa patente, além do controle da remessa de lucros das empresas multinacionais para o exterior; o lucro deveria ser reinvestido no Brasil. As Reformas de Base causaram grande revolta da oposição, pelo seu caráter nacionalista e pelo fato de, se colocadas em prática, as reformas iriam mecher com os interesses de certos grupos de poder.

Assinatura do Plano Trienal


Por: Ana Carolina Kruger
A mais famosa foto de Jânio. A qual mostra sua indecisão, representada em seus pés tortos, cada uma para um lado.

                                           Por: Maria Eduarda Fonseca
 Jânio com sua famosa vassoura.

Jornal do dia em que o presidente renunciou.


Famosa frase de Jânios Quadro: Fi-lo porque qui-lo.
                                                                                                                Por: Maria Eduarda Fonseca

VARRE VARRE VASSOURINHA

Jingle da campanha de Jânio Quadros. Ele prometia "varrer" toda corrupção do país.
                                                     Por Maria Eduarda Fonseca e Marcella Borba

CARTA- RENÚNCIA DE JÂNIO QUADROS

"Fui vencido pela reação e assim deixo o governo. Nestes sete meses cumpri o meu dever. Tenho-o cumprido dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções, nem rancores. Mas baldaram-se os meus esforços para conduzir esta nação, que pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, a única que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social, a que tem direito o seu generoso povo.
"Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior. Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração.
"Se permanecesse, não manteria a confiança e a tranquilidade, ora quebradas, indispensáveis ao exercício da minha autoridade. Creio mesmo que não manteria a própria paz pública.
"Encerro, assim, com o pensamento voltado para a nossa gente, para os estudantes, para os operários, para a grande família do Brasil, esta página da minha vida e da vida nacional. A mim não falta a coragem da renúncia.
"Saio com um agradecimento e um apelo. O agradecimento é aos companheiros que comigo lutaram e me sustentaram dentro e fora do governo e, de forma especial, às Forças Armadas, cuja conduta exemplar, em todos os instantes, proclamo nesta oportunidade. O apelo é no sentido da ordem, do congraçamento, do respeito e da estima de cada um dos meus patrícios, para todos e de todos para cada um.
"Somente assim seremos dignos deste país e do mundo. Somente assim seremos dignos de nossa herança e da nossa predestinação cristã. Retorno agora ao meu trabalho de advogado e professor. Trabalharemos todos. Há muitas formas de servir nossa pátria."
Brasília, 25 de agosto de 1961.
Jânio Quadros"


                                            Por Maria Eduarda Fonseca e Marcella Borba
Capa da Revista Fatos e Fotos do dia em que Jânio Quadros renunciou a presidência da república.

VIDA SOCIAL E POLÍTICA DO EX PRESIDENTE JÂNIOS QUADROS


Jânio da Silva Quadros nasceu em Campo Grande -  MS, formou-se em direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, trabalhou como professor de geografia e algum tempo depois, lecionou Direito Processual Penal na Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Em 1947 teve seu primeiro cargo publico, foi eleito suplente de vereador na cidade de São Paulo. Após a cassação dos mandatos dos parlamentares do Partido Comunista Brasileiro, Jânio pôde assumir uma cadeira na Câmara Municipal, seu mandato durou entre 1948 e 1950. Com isso o sul-mato-grossense ficou conhecido por apoiar a  grande maioria dos  projetos considerados favoráveis à classe trabalhadora. Em função disso foi eleito o mais votado deputado estadual. Entre suas conquistas na política, elegeu-se como prefeito do município de São Paulo, exercendo a função de 1953 a 1955, e também foi governador pelo mesmo estado entre 1955 e 1959.

Janio, foi eleito presidente em 3 de outubro de 1960, pela junção PTN-PDC-UDN-PR-PL, com 5,6 milhões de votos, ele teve a maior votação até então obtida no Brasil, vencendo o oponente marechal Henrique Lott de uma forma arrasadora, com uma diferença  de dois milhões de votos. Quem se elegeu para vice-presidente foi João Goulart , do Partido Trabalhista Brasileiro. O tão querido presidente não tinha nada de especial, não era rico, não tinha padrinhos, não fazia parte de algum clã, não tinha ligação com nenhum tipo de grupo econômico, não era bonito, e nem ao menos simpático. Então o que realmente era Jânio Quadros? Em seu livro – A Renuncia – Hélio Silva expõem sua teoria: “Jânio trazia em si e em sua mensagem, algo que tinha que se realizar. E que excedia, até mesmo excedeu, sua capacidade de realização. Todo um conjunto de valores e uma conjugação de interesses somavam-se em suas iniciativas e aliavam-se, nas resistências que encontrou.”        
Durante seu governo ele propunha a modificação das fórmulas antiquadas, sugeria uma abertura a novos horizontes, o que conduziria o Brasil para uma nova fase de progresso, longe das inflações, mantendo sempre a democracia, uma vez que Janio era considerado anticomunista.
Seu mandato durou apenas 7 meses, quando em 25 de agosto de 1961 o até então presidente renunciou, sem motivos óbvios para tal ação. Mais tarde Janio Quadros contou que sua renuncia havia sido apenas um blefe.
                                                              Por Marcella Borba e Maria Eduarda Fonseca


segunda-feira, 21 de março de 2011

Populismo

O termo populismo é utilizado para designar um conjunto de movimentos políticos que se propuseram colocar, no centro de toda ação política, o povo enquanto massa em oposição aos (ou ao lado dos) mecanismos de representação próprios da democracia representativa. Exemplos típicos são o populismo russo do final do século XIX, que visava transferir o poder político às comunas camponesas por meio de uma reforma agrária radical ("partilha negra"), e o populismo americano dos EUA da mesma época, que propunha o incentivo à pequena agricultura pela prática de uma política monetária que favorecesse a expansão da base monetária e o crédito (bimetalismo).
Historicamente, no entanto, o populismo acabou por ser mais identificado com certos fenômenos políticos típicos da América Latina, principalmente a partir do ano de 1930, estando associado à industrialização, à urbanização e à dissolução das estruturas políticas oligárquicas, que concentravam firmemente o poder político na mão de aristocracias rurais. Daí a gênese do populismo, no Brasil, estar ligada à Revolução de 1930, que derrubou a República Velha oligárquica, colocando no poder Getulio Vargas, que viria a ser a figura central da política brasileira até seu suicídio em 1954
A política populista caracteriza-se menos por um conteúdo determinado do que por um "modo" de exercício do poder, através de uma combinação de plebeísmo, autoritarismo e dominação carismática. Sua característica básica é o contato direto entre as massas urbanas e o líder carismático (caudilho), supostamente sem a intermediação de partidos ou corporações. Para ser eleito e governar, o líder populista procura estabelecer um vínculo emocional (e não racional) com o "povo". Isso implica num sistema de políticas ou métodos para o aliciamento das classes sociais de menor poder aquisitivo, além da classe média urbana, como forma de angariar votos e prestígio (legitimidade para si) através da simpatia daquelas. Esse pode ser considerado o mecanismo mais representativo desse modo de governar.
Desde suas origens, o populismo foi encarado com desconfiança pelas correntes políticas mais ideológicas da tanto da Esquerda quanto da Direita. Esta última (como representada, por exemplo, pelo antivarguismo da UDN brasileira, ou pelo antiperonismo da União Cívica Radical/UCR Argentina) sempre apontou para os aspectos plebeus, as práticas vulgares e as atitudes "demagógicas" (concessão irresponsável de benefícios sociais e gastos públicos) que a prática populista comportava; a Esquerda, especialmente a comunista, apontava para o caráter reacionário e desmobilizador das benesses populistas, que se contrapunha às lutas organizadas da classe operária e fazia tudo depender da vontade despótica de um caudilho bonapartista. Na América Latina, o populismo foi um poderoso mecanismo de integração das massas populares à vida política, favorecendo o desenvolvimento econômico e social, mas dentro de uma moldura estritamente burguesa em que essa integração foi "subordinada", colocando-se a figura de um líder carismático muito ou menos autoritário como tampão entre as massas e o aparelho de Estado.
o populismo é uma expressão política que encontra representantes tanto na Esquerda quanto na Direita. Governantes populistas como Vargas, Perón e Lázaro Cárdenas realizaram políticas nacionalistas de substituição de importações, estatização de certas atividades econômicas, imposição de restrições ao capital estrangeiro e concessão de direitos sociais. No entanto, os regimes populistas freqüentemente dedicaram-se à repressão policial dos movimentos de Esquerda e sempre realizaram sua ação reformista dentro de um quadro puramente capitalista.
Essa forma de governo tendeu também a retirar da própria burguesia nativa sua capacidade de ação política autônoma, na medida em que toda ação política é referida à pessoa do líder populista, que se coloca idealmente acima de todas as classes. Ideologicamente, o populismo não é necessariamente de Esquerda, no sentido de que seu alvo não são apenas as massas destituídas; há políticos populistas de Direita - como os políticos paulistas Adhemar de Barros e Paulo Maluf, que tiveram como alvo de sua ações políticas a exploração das carências dos estratos mais baixos (ou menos organizados) da população urbana, com os quais estabelecem uma relação empática baseada no ethos do empreendedorismo, do dinamismo, do arrojo e do self-made man, bem como na defesa de políticas autoritárias de "moral e bons costumes" e/ou "Lei e Ordem". Alegam alguns que o maior representante do populismo de Direita no Brasil talvez tenha sido o presidente Jânio Quadros.

Imagens por: Renata Martins
Texto por: Camila Silva e Vitória

Versões carta testamento de Vargas


 

As duas versões da Carta-Testamento de Getúlio Vargas

Versão publicada pela imprensa logo após sua morte em 24 de agosto de 1954.
“Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se novamente e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci [a de 1930]. Tive de renunciar [em 1945]. Voltei ao governo [em 1951] nos braços do povo (...) Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota do meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate.
Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.”
Outra versão da carta-testamento, muito mais simples e em tom menos heróico que a anterior, divulgada pela família anos depois.
“Deixo à sanha dos meus inimigos o legado da minha morte.
Levo o pesar de não haver podido fazer, por este bom e generoso povo brasileiro, e principalmente pelos mais necessitados, todo o bem que pretendia.
A mentira, a calúnia, as mais torpes invencionices foram geradas pela malignidade de rancorosos e gratuitos inimigos, numa publicidade dirigida, sistemática e escandalosa.
Acrescente-se a fraqueza de amigos que não me defenderam nas posições que ocupavam, à felonia de hipócritas e traidores a quem beneficiei com honras de mercês e à insensibilidade moral de sicários que entreguei à Justiça, contribuindo todos para criar um falso ambiente na opinião pública do país, contra a minha pessoa.
Se a simples renúncia ao posto a que fui levado pelo sufrágio do povo me permitisse viver esquecido e tranqüilo no chão da pátria, de bom grado renunciaria. Mas tal renúncia daria apenas ensejo para com mais fúria perseguirem-me e humilharem-me. Querem destruir-me a qualquer preço. Tornei-me perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas. Velho e cansado, preferi ir prestar contas ao Senhor, não dos crimes que não cometi, mas de poderosos interesses que contrariei, ora porque se opunham aos próprios interesses nacionais, ora porque exploravam, impiedosamente, aos pobres e aos humildes. Só Deus sabe das minhas amarguras e sofrimentos. Que o sangue dum inocente sirva para aplacar a ira dos fariseus.
Agradeço aos que de perto ou de longe trouxeram-me o conforto de sua amizade.
A resposta do povo virá mais tarde...”

Poster criado pelo DIP na ditadura, enfatizando a imagem de Vargas.


Fonte: http://www.ciadaescola.com.br/zoom/imprimir_materia.asp?materia=235

Por: Renata Martins

A volta do Velho

Daniella Féder



A marchinha de Haroldo Lobo e Marino Pinto saudou com alegria a volta de Getúlio Vargas à Presidência do Brasil. A canção, otimista, foi utilizada como música de propaganda política de Getúlio. O DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) não errou ao escolhê-la: ela foi cantada por todo o Brasil. 

Em 1950, Vargas derrotou a UDN e o PSD, ganhando o cargo de Presidente da República pelo PTB por meio do voto popular.

Agora presidente (assumiu o mandato em 1951), o "Velho" se propôs a se comprometer de corpo e alma com políticas sociais de interesse público. A marchinha retrata a euforia da massa com a nova promessa. Ele retomou sua orientação nacionalista e deu início a um mandato polêmico.

Os projetos de desenvolvimento do período tiveram forte presença do Estado - intervencionista ou não. Eles visavam o fortalecimento da indústria de base. Vargas implantou o monopólio estatal do petróleo, criou a Petrobrás e nacionalizou a produção da Eletrobrás.

 Vargas com a mão suja de petróleo, imagem da campanha intitulada “O petróleo é nosso”. Foto: divulgação



Porém, a época foi marcada por escândalos administrativos, altos índices de inflação e fortes oposições civis e militares que afetaram a estabilidade do governo. Os movimentos populares cresciam, preocupando as classes dominantes e fortalecendo o antigetulismo.


Carlos Lacerda

O jornalista Carlos Lacerda era uma figura conhecida da imprensa do período. Foi o fundador do jornal Tribuna da Imprensa, o principal veículo de comunicação antigetulista. Lacerda publicava diariamente ataques contra o governo, como denúncias de casos de corrupção, infrações e falhas administrativas.

No dia 5 de agosto de 1954, Lacerda voltava para casa após um comício, quando foi atingido no pé com um tiro. Seu guarda-costas, o Major Rubens Florentino Vaz, também foi baleado, e morreu. O jornalista foi levado ao hospital, onde disse ter sido vítima de um ataque provocado por elementos da Presidência da República. Uma semana depois, ele publicou em seu jornal um editorial pedindo a renúncia do presidente.

Lacerda chegando ao hospital após o incidente. Foto: divulgação.


O fim

Vargas estava vivendo um isolamento político crescente e fortes pressões governamentais. Quando um inquérito provou que houve o envolvimento de membros da sua guarda pessoal no atentado, o presidente se viu diante de uma exigência imediata de renúncia.

Em 24 de agosto de 1954, Getúlio Vargas cometeu suicídio - dois anos antes do fim do mandato, que provavelmente não terminaria nem se estivesse vivo.


Fontes de pesquisa: Grande Enciclopédia Larousse Cultural (volume 24), Wikipedia, Portal UOL Educação.



Materiais associados ao tema (por Renata Martins):

Getúlio Vargas discursa durante inauguração do Instituto de Puericultura e Pediatria na Cidade Universitária da Universidade do Brasil. Foto: divulgação.

 Cartaz de campanha de vargas. Foto: divulgação.




Histórico Político de JK



Com o suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de Agosto de 1954, abriu-se um buraco no poder e também na herança política, perseguida por seus simpatizantes e adversários.



 Para substituí-lo tentaram lançar uma candidatura de “união nacional”, com a adesão de dois dos maiores partidos políticos da época: o Partido Social Democrático (PSD) e a União Democrática Nacional (UDN). Eles teriam um candidato único, que uniria a direita e o centro e evitaria uma nova candidatura radical como era a “getulista”.

Esta idéia, porém, não se concretizou e, em 10 de Fevereiro de 1955, o PSD homologou o nome de Juscelino Kubitschek como candidato à presidência da República. JK sabia que precisava do apoio de uma base sólida e da aceitação popular, como tinha o PTB, partido de Vargas e que tinha João Goulart como candidato à presidência. Poucos dias após a homologação de JK como candidato do PSD, o PTB selou acordo tendo João Goulart (Jango) concorrendo como vice-presidente.

Muitas foram as tentativas dos “anti-getulistas” para inviabilizar a campanha JK-Jango, apoiada, inclusive, pelo Partido Comunista Brasileiro. A UDN era a principal rival dessa coligação, com intenções escancaradas de impedir a qualquer custo a vitória de JK, inclusive usando de meios ilícitos para cumprir seu objetivo.

Nas eleições de 3 de Outubro de 1955, JK elegeu-se com 36% dos votos válidos, contra 30% de Juarez Távora (UDN), 26% de Ademar de Barros (PSP) e 8% de Plínio Salgado (PRP). Naquela época, as eleições para presidente e vice não eram vinculadas, mas Jango foi o melhor votado para vice, recebendo mais votos do que JK e pôde, em 31 de Janeiro de 1956, sentar-se ao lado de seu companheiro de chapa para governar o país.
O governo de JK é lembrado como de grande desenvolvimento, incentivando o progresso econômico do país por meio da industrialização. Ao assumir sua candidatura, ele se comprometeu a trazer o desenvolvimento de forma absoluta para o Brasil, realizando 50 anos de progresso em apenas cinco de governo, o famoso “50 em 5”.

Seu mandato foi marcado por grande calmaria política, sofrendo apenas dois movimentos de contestação por medo das tendências esquerdistas do presidente: as revoltas militares de Jacareacanga, em fevereiro de 1956 e de Aragarças, em dezembro de 1959. As duas contaram com pequeno número de insatisfeitos, sendo ambas reprimidas pelas Forças Armadas, que junto ao congresso atuaram de maneira convergente apoiando o plano de metas, assim garantindo também a estabilidade política.




O governo JK foi marcado por grandes obras e mudanças. As principais foram:

- O Plano de Metas, que estabelecia 31 objetivos para serem cumpridos durante seu mandato, otimizando principalmente os setores de energia e transporte (com 70% do orçamento), indústrias de base, educação e alimentação. Os dois últimos não foram alcançados, mas isso passou despercebido diante de tantas melhorias proporcionadas por JK;

- Criação do Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), implantando várias indústrias de automóvel no país;

- Criação do Conselho Nacional de Energia Nuclear;

- Expansão das usinas hidrelétricas para obtenção de energia elétrica, com a construção da Usina de Paulo Afonso, no Rio São Francisco, na Bahia e das barragens de Furnas e Três Marias;

- Criação do Grupo Executivo da Indústria de Construção Naval (Geicon);

- Abertura de novas rodovias, como a Belém-Brasília, unindo regiões até então isoladas entre si;

- Criação do Ministério das Minas e Energia, expandindo a indústria do aço;

- Criação da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e Fundação de Brasília.






Vídeos por: Carolina Pereira, Camila Silva e Renata Martins
Imagens por: Carolina Pereira e Renata Martins
Texto por: Carolina Pereira






Queremismo de Getúlio Vargas




Foi um movimento político surgido em maio de 1945 com o objetivo de defender a permanência de Getúlio Vargas na presidência da República.
A expressão se originou do slogan utilizado pelo movimento: "Queremos Getúlio". Significava o adiamento das eleições presidenciais, com o lançamento da candidatura de Vargas, e a convocação da Assembléia Nacional Constituinte.
No final do mês de outubro, quando Vargas tentou substituir o chefe de Polícia do Distrito Federal, colocando no lugar seu irmão Benjamin Vargas, isso foi interpretado como preparação para sua continuidade no poder, logo, o alto comando do Exército, tendo a frente o ministro da Guerra, general Góes Monteiro, depôs Vargas da Presidência, que em seguida foi entregue ao presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares.
O movimento não atingiu seu objetivo, contudo, e a Constituição de 1946 foi elaborada sob a presidência de Eurico Gaspar Dutra, eleito em 2 de dezembro de 1945 para suceder Vargas.


Por: Carolina Pereira

Constituição de 1946




A terceira Constituição da República foi aprovada em 1946 pelo Presidente Eurico Gaspar Dutra. Elaborada quando os regimes totalitários caíram, tinha como objetivo retirar os instrumentos autoritários criados por Getúlio, em 1937. Foi um símbolo da democracia no Brasil para a época com várias mudanças:
-Volta ao regime presidencialista e a república federalista;
-Ampliando os direitos do voto feminino, o voto universal e obrigatório para maiores de dezoito anos (exceto analfabetos, soldados e cabos);
-Autonomia dos Estados e Municípios;
-Dividiu o estado em três poderes (executivo, legislativo e judiciário);
-Os mandatos do Executivo eram de cinco anos sem direito a reeleição,  três senadores por estado com mandato de oito anos,  as eleições passaram a ser diretas e obrigatórias para os cargos eletivos de cargos do executivos e legislativos municipais, estaduais e federais;
-Liberdade de criação de organizações partidárias ( apenas não comunistas);
-Inviolabilidade do sigilo de correspondência;
-Veda terminantemente as penas de morte, perpétuas, de banimento e confisco; 
- A prisão só em flagrante delito ou por ordem escrita de autoridade competente e a garantia ampla de defesa do acusado;
-A igualdade dos cidadãos e fim das censuras.

Por: Renata Martins

Fontes:
http://www.brasilescola.com/historiab/governo-dutra.htm

http://www.expo500anos.com.br/painel_09.html
 

Governo de Eurico Gaspar Dutra

Eurico Gaspar Dutra nasceu na cidade de Cuiabá (MT), em 18 de maio de 1883. Militar, teve carreira de destaque no Exército: defendeu o governo do presidente Washington Luís contra os revoltosos de 1930, combateu a Revolução Constitucionalista de São Paulo, em 1932, e atuou na reação ao movimento comunista de 1935.
Dutra ocupou o posto de ministro da Guerra durante o governo Vargas (1936-1945) e modernizou o Exército. Durante a 2º Guerra Mundial (1939-1945), ficou dividido entre apoiar os Estados Unidos ou a Alemanha. Com o fim do conflito, Dutra se manifestou pela redemocratização do país. Embora tenha sido um dos mais fiéis colaboradores de Getúlio Vargas e do Estado Novo, ficou ao lado dos oficiais que derrubaram o presidente em outubro de 1945.
Eurico Gaspar Dutra saiu candidato à presidência da República pelo Partido Social Democrático (PSD) e foi eleito diretamente em 1945. Tomou posse em 31 de Janeiro de 1946. Em 18 de setembro desse mesmo ano, foi promulgada a quinta constituição do Brasil, que marcou o retorno do país ao regime democrático.
Ainda em 1946, o governo criou o Serviço Social da Indústria (Sesi) e o Serviço Social do Comércio (Sesc), decretou o fechamento dos cassinos e proibiu os "jogos de azar" no país.

Na política externa, Dutra se aliou aos norte-americanos, rompeu relações diplomáticas com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e cassou o Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Durante seu governo, o presidente enfrentou muitas greves e decretou intervenção do Ministério do Trabalho em diversos sindicatos. Ele seguiu uma política econômica liberal, de controle dos salários e incentivo à importação de bens, o que levou a um rápido esgotamento das reservas de divisas (dinheiro) do país.

A estratégia de desenvolvimento do governo incluiu o plano Salte, que significava saúde, alimentação, transporte e energia. Durante o governo Dutra, a usina hidrelétrica de Paulo Afonso, na Bahia, e a rodovia Presidente Dutra, ligando o Rio de Janeiro a São Paulo, começaram a ser construídas.
Ao deixar a presidência, ele continuou ativo na vida política até as eleições indiretas para presidente da República em 1965. Diante do apoio majoritário dos militares ao general Castelo Branco, retirou-se da disputa.
Afastado da vida pública, morreu no Rio de Janeiro em 11 de junho de 1974.

Fonte: www.resumos.com.br
Texto por: Carolina Pereira
Imagens por: Carolina Pereira e Renata  Martins
Vídeo por: Renata Martins

Dados numéricos de Eurico Gaspar Dutra


Nascimento: Cuiabá - MT, em 18.05.1883
Falecimento: Rio de Janeiro(GB) - RJ, em 11.06.1974
Profissão: Militar (Marechal)
Período de Governo: 31.01.1946 a 31.01.1951 (05a)
Idade ao assumir: 63 anos
Tipo de eleição: direta
Votos recebidos: 3.251.507 (três milhões duzentos e cinquenta e um mil, quinhentos e sete) Posse: 31.01.1946, no recinto da Câmara Federal, no Palácio Tiradentes-Rio de Janeiro
Afastamento: de 17 a 26.05.1949 a convite do Governo dos Estados Unidos, período em que foi substituído pelo Vice-Presidente da República
Observação: A falta do termo de posse de Eurico Gaspar Dutra no Livro de Posse é a única que efetivamente não se explica. Eleito por sufrágio direto e de acordo com todos os dispositivos constitucionais, sua posse se deu perante o Congresso Nacional e tudo levaria a prever seu registro escrito no local apropriado

Fonte: http://www.planalto.gov.br/
Por: Carolina Pereira

Os pedidos de Dona Santinha

Uma história conta que ao se eleger como presidente, Eurico Gaspar Dutra dá a sua esposa o direito de três desejos. Carmela Leite Dutra, não escondeu suas opiniões conservadoras e católicas pedindo: O fechamento de cassinos e proibição dos jogos de azar, foi realizado três meses depois da posse, mesmo assim transitaram livremente na ilegalidade por anos a fio dominando políticos e transitando enormes quantias de dinheiro; a extinção do Partido Comunista Brasileiro, realizado em 7 de janeiro de 1948 com a cassação dos mandatos de todos os seus representantes, favorecendo a motivação do movimento pela “liberdade” conquistando mais adeptos; e por último, a construção de uma capela no Palácio Guanabara, contrariando a separação entre a Igreja e o Estado, fundamental na República. Mesmo não fazendo tudo sozinho a história ilustra o dilema do general, que pretendia governar democraticamente, com respeito à Constituição e por sua formação militar sabia que nem todos os problemas seriam resolvidos politicamente, usando se preciso o autoritarismo.

fonte: http://www.pitoresco.com.br/historia/republ302.htm
Por: Renata Martins