segunda-feira, 14 de março de 2011

DIP: Departamento de Imprensa e Propaganda

A instalação do regime ditatorial, o conhecido Estado Novo ou ainda a "Era Vargas" formou uma nova página na história do cenário cultural brasileiro. Acompanhando de perto o desenvolvimento dos meios de comunicação no Brasil, o governo de Getúlio teve uma notada preocupação em censurar e orientar as ideias e programas divulgados nesse período. Foi criado então o DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda – que passou a regulamentar o material publicado nos rádios, jornais, cinemas e revistas desta época.

Além do controle que o Departamento exercia, também fez claro uso dos meios de comunicação como instrumento para exaltar a figura do Presidente e do próprio regime e também espalhar um sentimento nacionalista. Nas escolas, os técnicos do governo passaram a se preocupar com a produção de um material didático que pudesse desenvolver um sentimento de forte apelo nacionalista. Dessa forma, o interesse estatal e o amor à nação se fundiam em um mesmo discurso que deveria se configurar harmonicamente. Notamos então uma clara influência das ideias nazi-fascistas divulgadas por Hitler e Mussolini na Europa.

Nas redações dos jornais, a possibilidade de se divulgar alguma notícia contra Getúlio Vargas era minimizada de todas as formas possíveis. Se por acaso o DIP considerasse alguma notícia, artigo ou coluna subversivo, o Estado tinha poderes para fechar a empresa de comunicação ou suspender o fornecimento de papel ao jornal. Além disso, os veículos que faziam propaganda positiva do Estado Novo eram agraciados com a compra de seu espaço publicitário para propaganda oficial. Outra clara influência dos ditadores Europeus da Época.

Esse mesmo tom de intervenção e incentivo também foi empregado junto às primeiras estações de rádio que se firmavam no Brasil. Muitos compositores dessa época recebiam dinheiro em troca da fabricação de músicas que exaltassem o Brasil e a figura de Getúlio Vargas. Em várias ocasiões, o DIP proibiu a gravação de sambas que enalteciam e mostravam a figura do malandro, que era completamente contrária ao ideal de valorização do trabalho defendido pelo governo. Afinal, os artistas sempre foram parte do grupo de "formadores de opinião" das sociedades. Nada melhor do que usa-los a favor dos seus interesses e o DIP percebeu isso claramente.

Um dos mais conhecidos programas de rádio dessa época foi “A Hora do Brasil”, momento em que todas as rádios do país transmitiam uma série de matérias radiofônicas que exaltavam as realizações do governo de Getúlio Vargas. Dessa maneira, Vargas procurava legitimar seu regime político dando a ele um tom providencial e soberano que deveria ser exaltado por todos os brasileiros. De representante da nação, o presidente parecia ser transformado em um líder predestinado. Aliás, o programa continua no ar até hoje, sempre das 19h às 20h no horário do Brasília.


Talvez uma das imagens mais famosas desse período seja esta, onde Getúlio está ao lado de várias crianças. Num apelo visível aos jovens e ao emocional das pessoas em geral, já que nada mais "amigável" do que um presidente que mostre simpatia com os jovens. Essa mesma tática é vista até hoje por políticos de todas as ideologias.

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